1 capitulo – Coisas que deixamos para trás.

Publicado: 3 de fevereiro de 2012 em Sem categoria
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ㅤㅤㅤㅤEmma uma garota com longos e lisos cabelos negros, com um par de olhos verdes-esmeralda, com um corpo de causar inveja para muitas garotas que tinham a sua idade, já estava prestes a completar dezessete anos de vida. Estava a usar uma calça jeans, com um tênis allstar, usava uma blusa branca com uma jaqueta preta. Carregava uma pequena maleta de mão e ao seu lado havia uma mala grande, maior que a pequena garota. Ela estava sentada em uma cadeira perto da porta que dava acesso aos aviões que estavam parados do lado de fora do Aeroporto. Os pequenos olhinhos da garota percorriam todo aquele local a procura de qualquer sinal que a mandasse para seguir seu embarque. Ela não estava ansiosa para ir e sim estava com um medo, ele tomava conta do corpo da garota não queria embarcar para sair do Brasil e ir para outro lugar que jamais estivera antes em toda a sua vida… Como iria ser lá? Iria ter amigos como tem em seu país de origem? As pessoas iriam aceita-la assim como é? Eram algumas das muitas perguntas que tomavam conta dos pensamentos da garota. Ela via muitas pessoas se despedindo de seus pais, amigos, avós, tios e tias… Mas e ela? Era provavelmente a única garota a não estar com um sorriso nos lábios, a não estar feliz por estar indo para outro país, a não estar feliz por ir viajar a primeira vez na vida sozinha. Pelo contrário, estava completamente infeliz. Como ela queria que a mãe dela estivesse junto, dando-lhe broncas, quando necessário, dando carinho, atenção… Mas tinha que aceitar que a partir do momento em que entrasse naquele avião, iria encarar a realidade… O mundo como ele realmente é.

ㅤㅤㅤㅤ“Estados Unidos – New Orleans em dez minutos irá decolar. Peguem suas malas, não esqueçam de levar nada e tenham uma ótima viagem!” Era o que a garota estava esperando, a voz daquela mulher avisando que já podia pegar suas malas e seguir rumo ao avião que estava lhe esperando para leva-la para seu destino final… Rapidamente a garota levantou-se do acento que estava sentada, pegou sua mala de rodinhas e a de mão e seguiu rumo a porta para sair de dentro do Aeroporto e ir para o pátio onde estavam os aviões. No caminho um segurança do local lhe pediu o passaporte, e como fora pedido entregou-o para o homem que no mesmo instante olhou nos olhos verdes-esmeralda da garota e destes olhou para o passaporte. Após alguns segundos o revistando entregou para a garota e com um sorriso gentil deixou ela seguir seu rumo. Todas as pessoas que estavam no local deixaram seus olhares cair sobre a garota como se ela fosse uma pessoa completamente estranha no lugar, dessa forma a garota sentia-se estranha mesmo estando em seu país… E como seria nos Estados Unidos? Era a pergunta que sempre passava em sua cabeça… Ela sentia que não era uma garota normal como todas as outras, mas se olhasse pelo modo de estar vivendo teria um bom motivo para fica isolada do mundo inteiro…

ㅤㅤㅤㅤSentiu um vento gélido roçar em seu rosto ao sair para o lado de fora, estava certa em ter colocado uma jaqueta, pois iria passar frio. Já que no país que vive é tropical e vai para outro completamente diferente, o qual é frio a maior parte do ano. Após entregar sua mala para um homem que estava colocando-as no bagageiro do avião a garota tomou rumo às escadas deste. Em passos lentos, com a cabeça baixa e com seus pensamentos em outra pessoa, entrou no avião, embora que seu coração lhe dissesse que não era para fazê-lo e sim para ficar e seguir sua vida no Brasil. Mas não podia voltar atrás já estava com tudo planejado… Era tarde de mais.

ㅤㅤㅤㅤNão tardou a achar seu lugar na primeira classe, sentou-se perto da janela e ficou com seus olhos focados no céu que apenas era possível ver o brilho das estrelas… Elas lembravam uma pessoa, a mais importante de sua vida, a qual perdeu… Como ela ainda continuava viva?

ㅤㅤㅤㅤ“Senhoras e senhores, desejo que todos coloquem os cintos, quero que todos desliguem os celulares, câmeras digitais e não os usem, pois isso pode atrapalhar a nossa comunicação com a base em New Orleans. Espero que todos tenham uma ótima viajem. Boa noite!”

ㅤㅤㅤㅤTodos os passageiros do avião ouviram uma voz robótica vindo dos auto-falantes e sem mais delongas fizeram o que havia sido mandado. Emma pegou sua maleta de mão e de dentro desta retirou um diário onde estava contida todas as informações de sua vida. Este objeto para a garota era como se fosse um dos tesouros mais importantes de toda a sua vida, o qual ela não poderia perder por nada nesse mundo, aquele que ela iria proteger com todas as forças, Pois ali continha as lembranças boas desde a sua infância até os seus últimos dias felizes. Ao tocar na capa dele sentiu que seus olhos marejaram, ela não sabia se queria lembrar dos dias que passaram, mas ela sentia que precisava escrever nele, para tentar se livrar da dor que estava dentro de si. Mas ela precisava fazê-lo, ela tinha que pelo menos tentar se livrar daqueles pensamentos e os deixarem no papel… Ou apenas ler para lembrar-se de sua mãe.

ㅤㅤㅤㅤRetirou o diário de dentro da maleta, não tinha enfeite algum, a garota nunca fora de adorar tais, sua capa era preta com uma linha vertical vermelha. Abriu com certa delicadeza o diário e viu a primeira pagina que tinha uma foto dela em sua infância com sua mãe, sentiu seus olhos se encherem de lágrimas, mas segurou o choro e logo voltou ao normal, ela não queria começar a chorar dentro do avião, a ultima coisa que ela precisava era de alguém perguntando o que tinha acontecido ou se ela estava bem, ela estava cansada dessas perguntas. Deixou seus pensamentos para lá e folheou seu diário até as ultimas paginas. Quando chegou na pagina vazia respirou fundo e com sua caneta na mão se curvou e começou a escrever sob o papel.

ㅤㅤㅤㅤ “Querido diário, não tem sido nada fáceis esses últimos dias. Fiquei algum tempo sem escrever por causa dos fatos ocorridos ultimamente. Sinto um vazio tão grande aqui dentro do meu peito que se torna até difícil respirar, minha mãe me faz falta, não consigo ficar sem pensar nela desde quando acordei no hospital do coma, foi assustador quando acordei deitada em uma cama de hospital, tentei me levantar, mas não consegui, existia uma grande dor em meu corpo que eu mal conseguia me mexer. Comecei a gritar por minha mãe e uma enfermeira apareceu, logo em seguida minha tia Anna entrou no quarto do hospital, quando a vi parei de gritar, não tinha mais forças para isso, parecia que nada mais saia de dentro da minha boca a não ser um leve chiado, apenas me permiti deixar as lágrimas escorrem por meu rosto enquanto eu a encarava, vi a expressão em seu rosto e percebi que alguma coisa estava errada, comecei imaginar que talvez mamãe estivesse gravemente ferida e que eu não poderia ver ela por um bom tempo. Minha tia se aproximou e ficou ao lado da cama, esticou seu braço e pegou em minha mão de modo sutil, perguntei para ela onde estava minha mãe e vi seus olhos encherem de lágrimas, foi ai que percebi que tinha perdido minha mãe…”

ㅤㅤㅤㅤ Emma fez uma pausa e respirou fundo pegando todo o ar que podia para conseguir escrever, pois agora era a pior parte que viria, a noticia… Aquela tão triste de se esperar.

ㅤㅤㅤㅤ“… Minha tia, largou minha mão e com um impulso me abraçou forte, mesmo que eu tivesse dores no meu corpo naquele momento, eu esqueci de tudo, esqueci de onde estava, apenas a abracei do mesmo modo deixando meus olhos se encherem de lágrimas e deixarem elas molharem todo o meu rosto. Ela não precisava dizer mais nada, eu havia entendido tudo. Minha mãe estava morta… Eu não queria aceitar, por mais que aquilo fosse a realidade… Eu no meu intimo, teimava em dizer que ela estava viva, que os médicos estavam errados… Mas não, ela realmente estava morta. Depois de um longo tempo me abraçando, minha tia Anna, soltou-me lentamente e com uma de suas mãos limpou as lágrimas que teimavam em cair de meus olhos, era inútil elas iriam continuar a cair descontroladamente. Ninguém pode controlar uma dor de perda, ainda mais quando essa dor se diz respeito a nossa mãe, aquela que sempre está com nós todos os dias de nossas vidas, aquela que nos carregou durante nove meses, nos dando amor e todo o carinho que pode existir no mundo. Naquele momento eu percebi que não era exatamente nada sem a mamãe, percebi que deveria ter dado mais carinho para ela, não que eu não desse, mas poderia ter dado muito mais amor e carinho. Eu realmente não deveria ter tirado o cinto no momento em que ela me deu uma bronca e pedido para ela parar e me deixar descer, se eu não tivesse distraído ela por aqueles segundos… Aqueles poucos segundos, ela poderia estar viva! Pareceu-me que minha tia estava lendo meus pensamentos, ela levou sua mão ao meu rosto que estava baixo e derramando lágrimas e o levantou, com seus olhos azuis fixos aos meus me disse as seguintes palavras:

ㅤㅤㅤㅤ “Não se culpe Emma! Ela realmente era muito nova, tinha uma vida inteira pela frente… mas infelizmente ela está no andar de cima… E agora vai cuidar de você! Vai ser o seu anjo da guarda… por mais que não esteja aqui no mundo dos viventes lhe garanto que lá junto com Deus, ela estará cuidando de você.”

ㅤㅤㅤㅤ Eu não entendi as palavras de minha tia, eu estava muito atordoada, não conseguia acreditar em nada. Eu queria ver o corpo da minha mãe mas ninguém me deixou, eu ainda estava muito fraca e ferida. Garantiram-me que eu poderia vê-la quando estivesse melhor. Alguns dias mais tarde eu pude vê-la, mas já não estava no hospital, já haviam velado-a.”

ㅤㅤㅤㅤEmma estava  concentrada no seu diário relatando a dor que estava sentindo e não percebera como o tempo estava passando rápido de mais, era como se aquelas horas que tinha ficado ali, fossem apenas alguns segundos que iria se prolongar sem virar horas, mas estava completamente errada. Já estava quase no fim de sua viagem. Via que uma mulher vestida com a companhia do avião estava passando com um carrinho de diversos tipos de lanches e bebidas. Ela no momento que estava passando pela fileira que a jovem estava sentada esticou-se para ela e lhe perguntou com uma voz doce:

ㅤㅤㅤㅤ─ Aceita uma água ou suco, moça? ─ um sorriso gentil transpareceu sobre os lábios vermelhos da mulher. A garota rapidamente virou-se para ela e com seus olhos verdes-esmeralda fitaram o carrinho na frente da mulher. Ela não sabia o que iria pedir, não estava com animo de comer e sabia que não podia ficar sem fazê-lo.

ㅤㅤㅤㅤ─ Quero uma água sem-gás, por favor! ─

ㅤㅤㅤㅤEra tudo que ela podia ingerir naquele momento. Emma resolveu deixar o seu diário de lado, queria tentar tirar aquilo da sua cabeça mesmo sendo impossível, queria pelo menos tentar. Pegou os fones de ouvido do avião e os colocou em seus ouvidos, escolheu a musica The Way you Look Tonight – Rod Stewart, encostou sua cabeça na poltrona do avião e adormeceu.

Emma acordou assustada com a voz de uma mulher falando que acaba de chegar em seu destino New Orleans Internacional Airport. A garota pegou seu espelho de dentro da bolsa e se olhou, ajeitou seus fios de cabelos que estavam desalinhados e guardou em sua bolsa de mão, logo em seguida saiu de dentro do avião e seguiu para dentro do aeroporto, estava frio, agradeceu-se por ter colocado uma blusa de manga comprida. Ao entrar dentro do aeroporto foi direto para o local de pegar sua mala, ao pegar foi para a saída do aeroporto, sua tia tinha dito que o seu pai iria mandar um motorista para pegar ela ali. Foi caminhando com o pensamento em suas roupas, ela não havia pegado muitas roupas, apenas o básico, jogou dentro da mala, ela não estava com cabeça para pegar roupas, não pretendia sair muito em sua nova cidade a não ser que fosse mesmo necessário. Ao notar uma placa com seu nome com um motorista a segurando deixou seus pensamentos de lado e seguiu a diante.

ㅤㅤㅤㅤ─ Olá ─ disse o motorista explanando um vasto sorriso em seus lábios.

ㅤㅤㅤㅤEmma não queria conversar, apenas balançou a cabeça e deu um sorriso falso, aquele tipo de sorriso que você apenas sorri com os lábios, mas não com os olhos. Ele pegou a mala dela e levou para por dentro do carro, ela nem ao menos esperou e já abriu a porta e se sentou no banco de trás. Suspirou de modo fundo e virou seu rosto olhando pelo vidro do carro. O carro começou a se movimentar e ela ficou apenas observando sua nova cidade, tentando se imaginar talvez na livraria pela qual acabará de passar. Viu um grupo de jovens andando juntos e rindo, abaixou sua cabeça por alguns instantes pensando em sua melhor amiga que deixou para trás, Emma nunca foi de fazer muitas amizades, apenas uma amiga e bastava, ela não se imaginava com amigos aqui, não aqui, não sem sua mãe, ela queria apenas se isolar de tudo e de todos.

ㅤㅤㅤㅤO carro para e Emma olha para a casa, uma grande em casa pintada de azul com branco, as cores muito bem combinadas em uma linda casa. Olhou do outro lado e viu um lindo jardim, de uma beleza sem igual, o mais bonito que ela já teria visto até hoje. Por alguns instantes Emma se animou com a casa e com a vida que poderia construir ali, mas sua animação acabou no momento que se lembrou o motivo de estar ali. O motorista abre a porta do carro para ela sair, ela respira fundo e sai para fora do carro com sua mala de mão em mãos. Olha para os lados e depois para a porta que está a poucos metros de distancia dela própria. Ela caminha em direção a casa e se para diante dos degraus a sua frente enquanto encara a porta, ela queria tomar coragem para entrar ali, pois a partir que entrasse ali estava feito, ela estaria morando definitivamente com estranhos. Enquanto tomava coragem para seguir a distante a porta se abre e em poucos segundos ela nota um homem sair de dentro da casa, ele da um meio sorriso e diz tentando parecer amigável:

ㅤㅤㅤㅤ─ Olá filha!

comentários
  1. Adorei o primeiro capitulo, To Loca pra ver os proximos…

  2. Maria Jack disse:

    ameeeiiii total a historia!

  3. Alexander disse:

    Ancioso para o próximo capitulo

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